- Paulo Pinheiro
Vença a crise com empatia

Nestes tempos de pandemia, fica claro que os professores e alunos continuam buscando conexões humanas, mas, por enquanto, tudo o que temos são os espaços virtuais. Há uma situação complexa e, até o momento, de difícil resolução. Porém, os educadores se encontram em uma posição única para ajudar os estudantes durante este período caótico.
O novo coronavírus provocou a reinvenção de vários setores da sociedade. Com a educação não poderia ser diferente. Especialmente agora, a empatia é fundamental. O professor, mais do que nunca, deve ser um ponto de apoio para os seus alunos. Mas, ao fazer isso, o cuidado fundamental é distinguir a função de conselheiro da função de instrutor.
É importante deixar claro quando você está falando com eles como um conselheiro. E essa postura é diferente de quando o professor está em sala de aula. Em momentos de aconselhamento, você não está avaliando o desempenho acadêmico dos alunos. Você está lá para ajudar os alunos a encontrar um equilíbrio entre suas necessidades emocionais e suas expectativas acadêmicas. No começo de um semestre, é interessante reservar um tempo para consultas individuais.
Lembre-se que estamos vivendo uma situação atípica. Então, não tenha medo de oferecer abertamente seu tempo a todos. Possivelmente, nem todos vão responder a esse convite. Contudo, devem surgir muitos estudantes interessados em algum tipo de conexão fora da classe. Isso significa muito para eles. Se você tiver tempo e recursos, marque uma reunião regular com todos os seus alunos. Nada muito complexo ou demorado. Foque em conversas leves. Se um aluno parecer que está passando por momentos difíceis, tente direcioná-lo, com bastante tato, para conhecer os serviços de saúde mental da sua escola.
Por exemplo, nessas conversas individuais, o professor pode perguntar para o aluno:
O que você tem em mente?
Como é um dia na sua vida agora? Como você ocupa seu tempo atualmente?
Como vão as coisas na escola agora? Como as aulas estão indo?
Você está sendo capaz de se concentrar e estabelecer um cronograma?
Há algo que você esteja particularmente animado para trabalhar?
Você está mantendo contato com amigos ou é difícil manter essa conexão?
Se você optar por um aconselhamento em grupo, aproveite a oportunidade para criar uma conversa leve. Atenção! É possível e provável que surjam discussões mais amplas sobre bem-estar:
Pergunte se há alguma atividade ou projeto em que os alunos estejam se esforçando para trabalhar.
Aprenda como os alunos estão fazendo as coisas de forma diferente em outras aulas (para o melhor ou para o pior).
Faça uma atividade colaborativa, como falar sobre um assunto ou tópico de evento atual.
Pergunte o que os alunos acham do sistema de notas e se eles sentem diferença no ensino remoto.
Conte a seus alunos como a realidade está afetando você e sua família. Tente normalizar as preocupações.
Sem dúvida, o aumento de casos do novo coronavírus em todo o mundo perturba a rotina de milhares de pessoas, incluindo alunos e educadores. Muitos se sentem impotentes diante das mudanças avassaladoras em suas vidas. O trabalho de um docente é difícil. Mas a combinação de ansiedade e estresse pode facilmente causar pânico ou indiferença nos alunos. Então, essa talvez seja a hora de fazer o que for possível para despertar a compaixão. Lembre-se de que, como professor, você pode oferecer um apoio inestimável aos seus alunos.
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Paulo Pinheiro é doutor em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e instrutor do método do caso, com formação na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Professor há mais de 15 anos, lecionou na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM Sul) e na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Sua tese de doutorado trata de algoritmos e comunicação. Como jornalista, trabalhou no ZH Digital, embrião do atual clicRBS; coordenou o setor de comunicação do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers); e foi editor de capa do portal ClicRBS e do portal Terra. É graduado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e bacharel em direito pela PUC-RS. Atualmente trabalha como produtor de conteúdo da 818 Game Academy.
O artigo acima é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a visão do Educa 2022.